Podes ver, bem no fundo da capa da revista GameInformer o navio naufragado? Viste que nele há um nome? Endurance! Isso mesmo, esse navio existiu e está presente nessa imagem como uma mera ilustração certo? Errado, só que aos olhos mais astutos não passam nada e uma fã tomou nota e nos avisou sobre o fato.
Conheçam agora a história do navio Endurance que está presente na imagem de divulgação do novo game da série.
LUTA PELA VIDA NA ANTÁRTICA"Do ponto de vista sentimental, esta é a última grande jornada polar que pode ser feita."
Sir Ernest Shackleton, Expedition Prospectus
Era o ano de 1914 e os pólos da Terra já haviam sido conquistados. Sobrevivente de duas tentativas sem sucesso de chegar ao ponto central da Antártida, ele participara da expedição de Scott em 1901-1904 e chefiara a sua própria no biênio 1908-1909, chegando a apenas 150 km do Pólo Sul.
Aos poucos iam se esgotando os grandes desafios exploratórios do homem e, quando despejavam-se sobre a Europa as pesadas nuvens da Primeira Guerra Mundial, a Expedição Imperial Transantártida, liderada por Sir Ernest Shackleton e com autorização do próprio Churchill, partiu da Inglaterra rumo ao extremo sul para tentar a primeira travessia à pé do continente branco.
A bordo do navio polar Endurance, além dos 28 membros da expedição, seguiam também cães destinados à tração de trenós e uma grande quantidade de equipamentos a serem usados na travessia. Entretanto, uma vez mais Sir Shackleton ficou longe do seu objetivo.
Saga pela vida
Em pleno Mar de Wedell e a apenas um dia de navegação do continente Antártico, "como uma amêndoa num chocolate" o Endurance ficou preso no gelo solidificado. Sem muito mais a fazer além de aguardar a reabertura do mar no final da estação, os membros da expedição prepararam-se para invernar, primeiro instalando os cães em pequenos iglus fora do navio e depois ocupando-se com atividades de leitura, pesquisas, jogos e longas caminhadas sobre o gelo.
Entretanto, no início da primavera o casco do navio não resistiu à pressão dos imensos blocos de gelo que iniciava a romper-se e o sonho de conquistar a Antártida submergiu esmagado junto com o Endurance, iniciando aí uma das maiores sagas em busca da vida já registradas pela história da navegação. Os marinheiros transferiram-se para uma enorme banquisa de gelo sobre a qual derivaram por quase seis meses até que, quando ela começou a derreter, lançaram-se ao furioso Atlântico Sul em três pequenos botes recuperados do naufrágio. Numa desesperada busca por terra firme e com enormes sacrifícios, terminaram finalmente por aportar nas Ilhas Elephant e depois Geórgias do Sul.
E dois anos após a partida, o retorno incólume à Inglaterra de todos os 28 membros da expedição foi o que gravou na história o nome de Shackleton, cuja aventura foi em 1951 reconstruída por Alfred Lansing a partir de documentos e testemunhos colhidos dos sobreviventes e publicada no livro "A Incrível Viagem de Shackleton" que ora indico.
Imagens raras
Hoje, passados 85 anos daquela maravilhosa saga, o American Museum of Natural History de Nova Iorque celebra a memória da Expedição Imperial Transantártida através de uma grande exposição das imagens tomadas em negativos e chapas de vidro pelo australiano Frank Hurley, fotógrafo oficial do grupo, muitas pela primeira vez mostradas ao público.
De forma tão fantástica quanto à sobrevivência do grupo, estas imagens somente chegaram até nós graças aos cuidados de Hurley, que precisou jogar ao mar o seu equipamento profissional e selecionar algumas das melhores fotos, as quais milagrosamente protegeu por mares tempestuosos até o final da viagem. Todas em preto-e-branco, ressaltam ainda mais a austeridade daqueles dias e resumem com fidelidade um inóspito ambiente que, quanto à cor, não possuía mais que variações de cinza e um branco infinito para oferecer às lentes do fotógrafo.
Em conjunto com a exposição do museu americano, foi publicado por Caroline Alexander o belíssimo livro "Endurance - A Lendária Expedição de Shackleton à Antártida", agora disponível no Brasil em cuidadosa edição da editora Companhia das Letras, trazendo como ponto alto 140 das preciosas reproduções de Hurley, entremeadas por trechos dos diários da tripulação, numa emocionante reconstituição daqueles heróicos dias.
Com certeza o livro de Caroline Alexander não se sobrepõe à tradicional narrativa de Alfred Lansing, mas sim a completa sobremaneira, numa emocionante e delicada homenagem àqueles que encerraram com honra e coragem a era das grandes expedições marítimas.
Na história verídica todos se salvaram, isso com certeza não deve acontever no jogo, certo? O que achas que vai mudar? Dá a tua opinião.
1 Comments
Sinceramente a historia é fantastica, mas uma coisa eu nao consegui entender, o jogo fez como se lara estivesse passando por aquilo??? O que eles pegaram deste historia para relatar no game? Somente o barco? Aguarderei a respota!
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